Definição de Higiene Ocupacional
O termo higiene ocupacional foi preferido internacionalmente para definir o campo de atuação dessa ciência, após as conclusões extraídas durante a Conferência Internacional de Luxemburgo, ocorrido de 16 a 21 de junho de 1986, a qual contou com a participação de representantes da Comunidade Econômica Europeia – CEE, da Organização Internacional Mundial da Saúde – OMS, da Comissão Internacional de Saúde Ocupacional – ICOH e da American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH.
Definição da higiene ocupacional segundo a AIHA
A definição da American Industrial Hygiene Association – AIHA: “ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, tendo em vista também o possível impacto nas comunidades vizinhas e no meio ambiente”.
Definição feita pela OLISHIFSKI
A Olishifski define higiene ocupacional como: “aquela ciência e arte devotada à antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos fatores de risco ou estresses ambientais originados no, ou a partir do, local de trabalho, os quais podem causar doenças, prejudicar a saúde e o bem-estar ou causar significante desconforto sobre os trabalhadores ou entre os cidadãos de uma comunidade”.
Definição feita pela ACGIH
A American Conference of Governmental Industrial Hygienists – ACGIH, define higiene ocupacional como sendo: “ciência e arte do reconhecimento, avaliação e controle de fatores ou tensões ambientais originados do, ou no, local de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e ineficiência significativos entre os trabalhadores ou entre os cidadãos da comunidade.
Definição feita pela Vida SST
A Higiene Ocupacional, também conhecida como Higiene do Trabalho e Higiene Industrial, é uma ciência responsável por antecipar, reconhecer, avaliar e controlar os agentes de riscos ocupacionais, sejam eles quais forem os agentes ou processos produtivos utilizados e que colocam em risco ou que possam afetar a saúde, bem estar ou a integridade significativa do colaborador no seu ambiente de trabalho ou gerando impacto na comunidade.
A Higiene Ocupacional se preocupa diretamente em manter o ambiente limpo de agentes agressivos à saúde do trabalhador e com as doenças ocupacionais que surgem devidos aos agentes de riscos ocupacionais.
A Higiene Ocupacional é dividida em dois ramos: Higiene de campo e Higiene analítica.
A higiene de campo é responsável pelo estudo realizado no ambiente de trabalho, e analisa os postos de trabalho, buscando detectar todos os contaminantes possíveis e existentes. Com base nesta análise, são feitas as recomendações de medidas que possam controlar ou reduzir a intensidade e a concentração dos agentes nocivos à saúde em níveis aceitáveis, além da coletar as amostras e para posteriormente fazer as medições dos agentes.
Higiene analítica
Na higiene analítica, como o próprio nome diz, é realizada a análise dos dados que foram coletados pela higiene de campo. É responsável pelas análises químicas das amostragens coletadas na higiene de campo, bem como o cálculo e as interpretações dos dados levantados. Por exemplo, uma amostra de poeira coletada deverá ser analisada no laboratório por difratometria de Raios X para determinação de sílica cristalizada e assim é feito com todos os itens coletados, conforme os procedimentos específicos por item/amostragem/dado coletado.
Agentes de riscos ocupacionais
Os agentes de riscos ocupacionais podem ser divididos em cinco categorias: agentes de riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos ou de acidentes que estão presentes no ambiente de trabalho. São agentes que podem provocar danos à saúde e à integridade do trabalhador de acordo com a sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição.
Agentes de riscos físicos: são os riscos gerados por máquinas ou condições físicas do ambiente de trabalho ou ambiente ocupacional. Exemplos: ruídos de trânsito, máquinas, aviões a jato, motores, explosões, vibrações de britadeiras, tratores, prensas e outras máquinas, radiações ionizantes (raios X e outros) e não ionizantes, frio, calor, pressões anormais, umidade .
Agentes de riscos químicos: são riscos derivados ou provenientes de substâncias químicas em seu estado líquido, sólido ou gasoso, e quando absorvidos pelo organismo, podem gerar reações tóxicas aos trabalhadores. Exemplos: poeiras, gases tóxicos, como o CO, CO2, CH4 e outros gases dos veículos, chaminés, lixo, neblinas, fumos metálicos, névoas, vapores, substâncias compostas ou produtos químicos em geral, metais pesados, como Ba, Zn, Pb, Cd, Hg, etc, além dos metais despejados nos efluentes industriais, agrotóxicos e resíduos de embalagens de produtos usados na lavoura entre outros produtos químicos.
Agentes de riscos biológicos: os agentes de riscos biológicos são causados por microorganismos capazes de causar doenças devido à contaminação e pela natureza da atividade do trabalho. Exemplos: Vírus, Bactérias, Protozoários, Fungos, Parasitas e Bacilos, que geralmente são transmitidos por animais peçonhentos, como as cobras, aranhas, escorpiões, abelhas, água contaminada que contenha germes patogênicos; material hospitalar contendo sangue, urina, fezes, vísceras, seringas e ainda os principais vetores de doenças, como as moscas, baratas, ratos, mosquitos entre outros.
Agentes de riscos ergonômicos: São aqueles que estão relacionados diretamente à estrutura músculo-esquelética e psicológica do trabalhador e sua adequação à máquina, mobiliário, posto, jornada e condições de trabalho. São provenientes do mau uso das técnicas de ergonomia e que podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos, provocando alterações no organismo, distúrbios ou lesões musculoesqueléticas e alteração emocional. Exemplos: LER (lesões por esforços repetitivos), DORT (doenças osteo-musculares relacionadas ao trabalho);esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso incompatível com o biotipo e tarefa, postura inadequada, situações de estresse físico ou psíquico, longas jornadas de trabalho, trabalho em período noturno, imposição de ritmos excessivos de trabalho, controle rígido de produtividade, monotonia, repetitividade, rotinas intensas, mobiliário incompatível, ausente ou desnecessário, etc.
Agentes de riscos mecânicos ou de acidentes: acontecem em função de condições físicas do ambiente de trabalho que podem colocar a saúde e integridade do trabalhador em risco. Exemplos: arranjo físico do ambiente de trabalho inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção ou com defeito, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação inadequada ou com problemas, eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, trabalho em altura, armazenamento inadequado, outras situações de riscos que podem provocar acidentes etc.
Fases da Higiene Ocupacional
As fases da Higiene Ocupacional que inclui o dimensionamento da exposição dos trabalhadores a fim de comprovar a existência ou não de determinado risco no ambiente de trabalho correspondem as etapas:
- Antecipação
- Reconhecimento
- Avaliação
- Controle
1. Antecipação aos riscos: esta é a primeira fase, é fundamental realizar a avaliação de riscos potenciais e tomar medidas preventivas antes que quaisquer processos industriais sejam implementados ou modificados.
2. Reconhecimento dos riscos: na segunda fase, é onde se dá início a identificação e avaliação qualitativa dos agentes físicos, químicos e biológicos presentes no ambiente de trabalho que possam causar danos à saúde e a integridade dos trabalhadores. Nesta fase deve ser realizado um estudo sobre as matérias primas, produtos, subprodutos, serviços, métodos de trabalho, procedimentos de rotina, processos produtivos, instalações e equipamentos existentes.
3. Avaliação dos riscos: a avaliação quantitativa dos riscos começa nesta fase, levando-se em conta os limites de tolerância previamente estabelecidos pela NR 15 -Norma Regulamentadora 15 do Ministério do Trabalho. Limite de tolerância: “Concentração ou intensidade, máxima ou mínima relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará danos à saúde do trabalhador durante sua vida laboral.”
4. Controle dos riscos: por fim, a última fase está ligada à eliminação ou mitigação dos riscos ocupacionais que foram antecipados, reconhecidos e avaliados no ambiente do trabalho.